segunda-feira, 23 de março de 2015

USP revela: 195 tesouros do ciclo do café estão ameaçados no Vale



João Paulo SardinhaVale Histórico
Manter em pé a memória do Vale Histórico custa caro. Palácios, casarões e igrejas, símbolos do período de riqueza da região, correm o risco de desabar.
Preservar este patrimônio jamais foi empecilho para os barões do café no século 19. Hoje, porém, as prefeituras enfrentam a dura missão de conservar essa herança da história brasileira.
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) concluíram, no fim do ano passado, o inventário do patrimônio remanescente dos séculos 18, 19 e 20 em seis cidades do Vale Histórico: Silveiras, Areias, São José do Barreiro, Arapeí, Queluz e Bananal.
O resultado desse estudo faz acender o sinal de alerta: 195 imóveis apresentam riscos. São edificações com estrutura de pedra seca, argila e madeira. Empregam pau a pique e taipa de pilão. Hoje, apresentam umidade interna e externa, fissuras e rachaduras nas paredes.
Casarões de grandes fazendeiros no ciclo do café estão infestados de cupim, além de sofrerem com o escorregamento de telhas e o gotejamento constante.
“Como os responsáveis pelas edificações não têm conhecimento técnicos sobre conservação, lançam mão de artifícios inadequados como, por exemplo, o de tentar eliminar cupins com querosene”, afirma Silvia Helena Zanirato, professora do curso de Gestão Ambiental da Universidade de São Paulo.

Projeto. Sílvia é coordenadora do projeto “Patrimônio Cultural do Vale Histórico Paulista: análise da vulnerabilidade às mudanças climáticas”, iniciado em 2012 e finalizado no ano passado.
Durante dois anos, os participantes mergulharam no conjunto arquitetônico de estilo colonial e neoclássico.
Com o trabalho concluído, a equipe da USP entrará em contato com as prefeituras. A intenção é colocar em prática um plano de ação para salvar esse patrimônio histórico do Brasil.
 
Clima da região dificulta a preservação
Vale Histórico
Além da falta de conservação, existe uma outra razão para a degradação de palácios e casarões do Vale Histórico.
A região é considerada uma zona de grande vulnerabilidade às mudanças climáticas por abrigar locais com médias altas de precipitação e de umidade relativa do ar e registrar alta intensidade de raios.

Temperatura. “A primeira constatação nossa é de que a região está propensa a sofrer, nas próximas décadas, aumento das temperaturas máximas e mínimas em até 3ºC, aumento da intensidade dos ventos e oscilações na precipitação, aumentando os intervalos entre dias chuvosos e períodos secos”, disse Silvia Helena Zanirato, professora do curso de Gestão Ambiental da USP.
“Os imóveis do período cafeeiro, nesses municípios, podem ser ainda mais prejudicados em função dessas alterações previstas.”
Fonte: O Vale

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